sábado, 28 de junho de 2008

ateiam-me

Como poderia dizer-lhes
que quando o sino de minha sina tremeu
encarei castrado e encolhido
nu pelado sem casca

Regurgitei aquelas noites
por dias
dentro do meu cérebro
passivamente convulsivo.

divaguei por léguas a fio
e voltei no mesmo carretel
que me puxava
o mesmo número
como um dado viciado

A brincadeira se tornara uma piada perigosa e repugnante
havia muito envolvido
gente ansiosa esperando por mim
Eu, de tão confuso, nada sabia.
Talvez assinara um contrato desconhecido

O gongo em minha cabeça
ecoou como uma palma seca
a expandir no espaço

Quis deslizar feito algodão
embebido em álcool
mas murchei escrotamente

Quis desfazer-me desta película gosmenta
que me prende e me pertence
mas sua elasticidade atraente
assumia a forma que quisesse
depois retornando a sua composiçao
como um líquido viscoso

Veja que não faço milagres
e nem queria transpor o invisível
e inquietar teu sono.

Também não quero consolo.
Chances fracassadas por preguiça
padecem em justiça maior

Aquietei-me
enfim agora
esturriquei no sol
a faiscar fagulhas.

(06/2008) gut0

segunda-feira, 9 de junho de 2008

"a couraça das palavras protege nossos silêncios e esconde aquilo que somos". (Tiago de Mello)