Quem via a cabeça de Medusa ficava petrificado. Isso não seria por ela reflectir a imagem de uma culpabilidade pessoal? Mas o reconhecimento da falta, num justo conhecimento de si, pode por si só perverter-se em exaspero doentio, em consciência escrupulosa e paralizante. Paul Diel observaa profundamente: "A confissão pode ser - quase sempre o é - uma forma específica da exaltação imaginativa: um remorso exagerado. O exagero da culpa inibe o esforço reparador. Só serve ao culpado para reflectir vaidosamente na complexidade, imaginada, única e de profundeza excepcional, da sua vida subconsciente... Não chega descobrir a culpa; é preciso suportar a sua visão de maneira objectiva, nem exaltada, nem inibida. A própria confissão deve ser isenta de excesso de vaidade e de culpabilidade."
Medusa simboliza a imagem deformada do eu... que petrifica de horror em vez de esclarecer na medida justa.
Fonte: Dicionário dos Símbolos, Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Teorema.
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