Cao
A cidade pulsa
em suas nervuras urbanóides
rodopio com ela
no chicotear sepertino
das fileiras de cimento
os mendigos banguelas
sorridentes
as corroças das meninas gêmeas
tímidas catadoras
os mendigos cantadores inocentes
calejados sobreviventes
O burburinho das cidades
me leva a encontros improváveis
com manequins levemente imersos
em lojas fechadas
com vitrine exposta e luzes acesas
e uma bela fachada
A vitrine de fora
e seus monumentos de cimento
No exalar da noite
o poste no alento transpira
perfumes de delirios de calda rastejante
E na madrugadados botecos de uma mesa só
para um instante
firme como um arco
me apoio no balcão
coço a nuca
confiro os bolsos
um masso de cigarro
amassado
solitário
um cigarro informal
olho distraído
mais um recorte urbano.
11/2007
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